Anna, louca
Tenho uma faca
debaixo do braço.
Quando em bicos
de pés debito mensagens.
Serei algum tipo
de infecção?
Fiz-te
enlouquecer?
Tornei acres os
sons?
Disse-te que
trepasses à janela?
Perdoa. Perdoa.
Diz que o não
fiz.
Diz que não.
Diz.
Reza Avé-Marias na nossa almofada.
Leva-me o
desengonçado dos doze anos
Para o teu colo
submerso.
Sussurra-me como a
um botão-de-ouro.
Come-me. Come-me
como a um pudim-creme.
Toma-me em ti.
Toma-me.
Toma.
Dá-me um
relatório sobre a condição da minha alma.
Dá-me um
depoimento completo das minhas acções.
Dá-me uma concha
de arácea e deixa que a ouça.
Põe-me nos estribos e traz uma excursão.
Enumera meus
pecados na lista da mercearia e deixa que os compre.
Ter-te-ei
enlouquecido?
Ter-te-ei ligado
o auricular e posto uma sirene a tocar?
Terei aberto a
porta ao psiquiatra de bigode
Que te arrastou
consigo como a uma cesta dourada?
Ter-te-ei
enlouquecido?
Desde a sepultura
escreve-me, Anna!
Não és mais que
cinzas mas ainda assim
Pega na Parker
que te dei.
Escreve-me.
Escreve.
Escreve.
Anne Sexton
Tradução: Maria Fernandes
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