Photo: Margarida Ornelas |
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015
I have saved myself
I have saved myself
By just turning
around a corner
In a warm winter
night.
I have saved myself
Turning my back to
dark
And to whatever that
Would be
Or
Might mean.
I have saved myself
Just maybe a year
ago
For a grey hair and
a
Stylish hand
With a tonic gin
Have seen me in
Or pretended to.
Maria Fernandes
(26.02.2015)
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015
Cavalaria
wallpaperput.com |
somos feios
e somos maus.
Somos a estirpe
desgarrada
da hora una e muda
que se atira ao cais
no “salto”
que não cai em
santo porto
nem em porta
escancarada
de par em cunha
esgravatada
ou coisa alguma que
valha o pranto.
Somos da Palavra
somos o arbítrio
da batalha hirta e
inglória
de vento na venta
cavalgamos em riste
a História
e excomungados que
somos
da nata infame que
impera
de infantaria
estéril
que logo, jazerá em
ondas
que, arribadas, o
imo da cidade fecundam.
Maria Fernandes
(26.02.2015)
Maria Fernandes
(26.02.2015)
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015
Dos Locais e das Cidades de Casa e de Lá – Funchal
Na
alva calçada dessa cidade os gritos ululantes do Imo poético,
Que
caravelas em séculos idos trouxeram trovadores de corte,
Clamam
ora por tinta e papel onde jorrar versos.
(lugares
velhos sempre inspiram,
olha,
este inspira mares e vagas, e vagares)
No
verde bretão, sonhei as cantarias das esquinas desta cidade
-
Sonhei-as como aos corvos circundantes, atacadores de gatos.
Quando
parti, levei ruas azuis e amarelas sarapintadas.
Trouxe, ora volvida,
maneiras suaves, palavras leves, soltas,
Douradas
pelo sol que inunda a Cidade de nascente a poente
Do
sol que inunda a Cidade em largos lagos espraiando concomitantes,
Áureas
de onde crescem outros sóis pequeninos, sementes deste poema
esdrúxulo.
Esta
é a cidade-rosa que em lusco-fusco se afunda.
Onde
ocasos-bruma evocam a invernia do fim dos ciclos,
Renova-se
a cada Outono a foz do rio inóspito do almejar:
-
os rostos fitam ainda
o chão tosco
debaixo do pé desnudo,
com
Senhores - outros, os colonos - outros, as maleitas – novas,
desesperos
– tantos.
Esta
é a cidade-rosa que em lusco-fusco se afunda.
Que
lhe faltam as auréolas de ti, as imponentes torres de badalos
de
ti,
as
polidas lajes alvas à calçada lusa se assemelham – mudez
metafísica,
e
sei-me não mais perdida que achada
(na
languidez desta aurora a causa do sol guia-me de volta ao Rochedo)
Da
cidade rosa pela arriba fora, de pés banhados de sal marinho
lambe-te
a orla do cais da partida – a hora é mansa e oblíqua em nós.
Trouxe
nos braços a cor das noites aturdidas
em
que, descalça e imberbe, murmuro a rocha rolada.
Fiz
do horizonte a estreita mancha de ti, a imagem
do
casario lançado à encosta, rastejante pelo verde
de
draco sangue evadido – eis, ora, a tarde lasciva sobre ti.
Ei-la,
pois, à cidade rosa que em lusco-fusco se afunda.
Ei-la
importante, orgulhosa da esquina que os mundos dobram.
Ei-la,
capital em seu cais, ei-la mestra e pupila,
Ei-la
– ela, que me concebe a aniquila.
Esta
é a cidade rosa que me ilumina, e em luso-fusco se afunda.
Não
entrego as armas, não entrego as armas:
-
limpo-as, a guerra só agora começa.
Maria
Fernandes
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