sexta-feira, 6 de julho de 2012

Ideia de te Amar


Se eu amanhã estiver, passa por mim como se eu nada fosse.
Trespassa-me com o olhar, mas faz com que nada sinta.
Refresca-me a fronte e vira as costas.
Aturdida e amarrotada me quedarei na insensibilidade do Gelo.
É por não poder cantar-te que te escrevo.
É por não poder tocar-te que te sonho esta e
A cada madrugada em que acordo
Com a ideia de te amar. Que amar-te mais não é que ideia minha - assombrosa.
Tenebrosa e febril, gélida e cálida esta ideia de te amar - Insana a ti me atiro e desatino
Como se esse vale fosse o negro e descomunal buraco onde
Ousei perder-me na tua pele para não mais ser achada.
Nas manhãs em que vagueio à chuva com os sonhos
Ainda pululantes na mente que se não atreve a despertar
Pergunto às gotas onde estou, que te dei, se algo te dei,
Que de mim em ti ficou, se algo ficou e como raio
Me posso manter viva na quietude do Gelo desta Máscara.
Devolve-ma de vez para que enfim me refaça.
Devolve-ma de vez para que enfim veja o cerne da que fui.
Já que jamais fui a mesma desde que sem palavras nos tivemos.

Se eu amanhã estiver, passa por mim como se eu nada fosse.
Longa e encarecidamente suplico: abandona-me por mais que me mate.
Já não suporto as madrugadas e esta ideia de te amar.


Maria Fernandes

1 comentário:

  1. A ideia do amor, por si só, sem qualquer contacto do ser amado, pode ser uma coisa bem dolorosa...
    Gostei imenso do teu poema. O teu talento para as palavras é inegável.
    Querida Maria, tem um bom fim de semana.
    Beijo.

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