É uma vontade de sumir-se pelo chão dentro, esquecer-se.
Ser um novo a cada segundo. Mesclar-se no metafísico, saber nada.
Saber tudo, sentir tudo - ver nada, amar nada, odiar ecos.
É um ter-se de pé desmaiando a cada inspira-expira.
E lembra da dolorosa experiência do existir a insistir.
Não se sabe onde se insiste, não se sabe que se existe.
É o tudo dar e nada reter. É o despojar-se do pudor
Dos castos anos em que se não sonha a clarividência.
Saber-se desnudo, banido de si mesmo, escorraçado de si mesmo.
É de uma náusea velha e gasta de quem sabia já que o tudo
Mais não é que nada na curva apertada das vidas balbuciantes.
As vidas não são mais que dejectos de memórias.
É um sol que não derruba Ícaro. Um vinho que não embebeda Baco.
E ainda, embriagados de sobriedade, bradamos aos infernos
Um pouco de fé, só um pouco de fé cáustica, cálida. Um pouco.
Maria Fernandes
Sem comentários:
Enviar um comentário