domingo, 9 de dezembro de 2012

A Flor que Hoje Sorri


A flor que hoje sorri
Amanhã morre;
E tudo o que desejamos que fique
Nos seduz e depois parte .
Qual o prazer do mundo?
Luz que zomba da noite,
Tão breve quanto flamejante.

Virtude, como é efémera!
Amizade, quão rara!
Amor, como vende pobres êxtases
Por orgulhos em desepero!
Mas nós, e mesmo que em breve caiam,
Resistimos à sua alegria, e a tudo
A que nosso chamamos.

Enquanto os céus são azuis e ígneos,
Enquanto as flores são garridas,
Enquanto olhos que mudam antes da noite
Alegram o dia
Enquanto as horas calmas arrepiam,
Sonhai, pois – e do seu sono
Acordai depois para o lamento.


Percy Bysshe Shelley

Tradução - Maria Fernandes

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