domingo, 9 de dezembro de 2012

Uma Exortação



Camaleões alimentam-se de luz e de ar:
O alimento dos poetas é o amor e a honra:
Se neste vasto mundo de esmero
Os poetas pudessem o mesmo fazer
Com a sua pequena labuta,
Mudariam alguma vez o seu tom
Como aos camaleões a luz faz,
Ajustando-os a cada raio
Vinte vezes por dia?

Os poetas estão nesta fria terra
Como os camaleões devem estar,
Escondidos do seu nascimento prematuro
Numa gruta sob o mar;
Onde há luz, mudam os camaleões:
Onde não há amor, fazem-no os poetas:
Honra é amor mascarado: se poucos
Encontram um ou outro, nunca estranham
Dos mesmos esse alcance.

Ainda assim, não ousem manchar com riquezas ou poder
A mente livre e divina de um poeta:
Se os luminosos camaleões pudessem devorar
Mais que feixes e vento,
Cresceriam tão terrenos e breves
Como os seus irmãos lagartos.
Filhos de uma soalheira estrela,
Espíritos para além da lua,
Oh, recusem o dom!

Percy Bysshe Shelley

Tradução - Maria Fernandes 

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