“O Futuro é uma criatura
bicuda que se estende e espreguiça nas incontáveis e absortas cordas dos
universos todos. Mascara-se da côr garrida do capricho do momento e devaneia
pairando em despojos de vidas-memórias. Atrás de si, vai largando o lastro que
em alguma era lhe foi permitido. Depois fita-nos, em espanto e corta-nos a
garganta. E deixa-nos em júbilo” – assim rezava o sonho da infância do
não ser. Dentro dos universos, sonhamos uma espécie de pseudo-realidade que nos
parece nossa, apoderamo-nos das falácias que se nos dá, quando em verdade, a mais não nos é permitido
aspirar que à condição de marionetas iludidos de livre arbítrio. Ter o espaço,
o tempo como nossos, não saber onde desenhar as formas oblíquas das cordas onde
nos suspendemos, confiando que se suspende o tempo, quando este nos mascara e
nos zomba a cada segundo que- loucos! – chamamos nosso.
Em bicudismos do espaço-tempo e por todas as eras e universos se espraiam
passado, presente e futuro. E continuamos – em júbilo.
Maria Fernandes
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