segunda-feira, 18 de junho de 2012

Auto-Atestado de Insanidade



1.
Pergunto-me a cada instante
Como é possível que sinta ISTO.
Se ISTO nem palpável é. Não tem cor.
Nem textura. É invisível. Não é calor
O que deixa na pele, é outra coisa.
Essa coisa é que ISSO deve ser.
Embora nem nome lhe dê.-
- Por inominável ser.
- Por impronunciável ser.
Mas se ISTO não é este nem
Aquele outro, que será, então?
Macabra, medonha e sinuosa
Forma, a que torna por entre
Meus pianos dedos,
Sulcados e atropelados dedos.

Que se ISTO nada é como o
Sinto como tudo, como todo?

2.
É absurdo, mas imagino-te
Deambulando por esta casa.
Vejo-te realmente deitado
de bruços na minha cama,
sentado à minha secretária.
Conversamos com os olhos,
Lemos poesia.
Nas manhãs preparas-me
A dose dupla de café
E o chá,  à noite. Tudo com ISSO.










3.
Não posso estar bem.
Fito por longas horas o
Infinito à minha frente e
Percebo que nada estava a ver,
- Sonhava de olhos abertos.
E vens tu, descendo a escadaria
“heyyy..” – e logo ISTO,
Que me abraça e repele
E me deixa sem respirar.
Ver-te é um
Mojito em Agosto, 
Um absinto em Janeiro..

4.
Nas anímicas Protuberâncias
 do desalmado estado em que
 nos fundimos, esvaimos e calmamente
voltamos ao mundo do oxigénio,
demos de caras com a evidência de nossas Inerências...
Tu voltaste ao mundo dos vivos
Eu deixei-me ficar no multiverso das sombras
Do meu desejo excomungado..


Maria Fernandes


4 comentários:

  1. Finalmente! Finalmente juntaste as palavras de forma tão concordante com a tua alma e marcaste o silêncio com esse teu novo poema!!! ^_^
    Nada mais digo. Nada mais posso dizer. Deixa ISSO ser o teu recanto primaveril. :)

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  2. Muito bom. Que texto fantástico.
    Conseguiste passar com toda a poesia e realidade, e entrega, paixão, aquilo que sentes, que vês.
    Adorei. Beijinhos

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