Bodleian Library e St. Mary's Church |
Diz que é da inspiração do berço
anglo-cultural
Que se nada se tem a declarar, que
capricho serve
A ânsia de transbordar em vómito
silábico-sinfonia
O que se disse, se algo enfim se disse –
murmúrios
Das cidades de casa e de lá – o caos de
casa, onde estou,
Com a calmaria do cá, onde vivo sem estar.
(lugares novos sempre inspiram, diz-se.
olha, este não inspira lá grande coisa)
Das ondas e dos verdes em mil tons
Das rochas, dos paus em todos os marrons.
Dos teus olhos feitos água me olhavas
Aterrada e vencida, pelo canto do olho.
E eu, já sem palavras e sem voz
Ciente que estava de ti, na vez última.
Em tua forma alva enxaguo a vista.
O ouro, dádiva dos céus dos dias últimos
Empresta vida nova à forma secular da
cidade.
Em cada raio dourado, o Imo latejante no
ir - respira já o novo sopro do Rochedo Nosso.
(quando era novo este lugar, o verde das
suaves colinas
e as palavras em catadupa antes da descoberta)
O Rochedo do caos da minha paz interior
Onde já espraio o ser, o olhar, a palavra
por nascer
Sibila-me o nome ao vento atlântico.
Sibila-me o nome à corrente marítima.
Ecoa calcário na Grã Ilha de cá, onde vivo
– sem estar.
Galga prados e bosques, rios e lagos. E
cidades.
Murmura-me enfim ao ouvido o cometa
Expectante do meu contentamento.
Lambe em júbilo a forma de século das
rochas
De que se faz esta cidade, nelas se
enrosca, se aninha.
Aguarda que por elas passe, e quando passo
– em urgência de fé –
Afaga-me o rosto e a Máscara, gentil,
sorri por dentro.
Então, banho os olhos com a forma,
degusto-a, prendo-a, visceral.
Em poucos dias, reduzida a forma à imagem
E digerir então o que foi neste Imo a
metamorfose
Resultante do que operou a forma alva,
onde enxaguei a vista.
Na brancura da calçada da minha cidade,
verterei rédeas
De palavras-purpurina – à luz, imponente,
que tudo pode do Rochedo
Verei rendida a soma do roteiro na Grã
Ilha.
A saberei rica, sóbria, compacta. Salgada
de brisa, ora.
E o novo afago e o sorriso por dentro da
Máscara.
A leveza de saber que depois de engolida a
forma
O libertador acto seguinte do jorrar
silábico da Palavra Nova, ora.
Maria Fernandes
Os lugares novos inspiram mesmo.
ResponderEliminarA prova está neste poema, nem é preciso ir mais longe...
Magnífico, gostei imenso.
Maria, querida amiga, espero que a tua Páscoa tenha sido muito boa.
Uma óptima semana.
Beijo.
Agradeço a atenção, Nilson.
ResponderEliminarQue a Páscoa tenha sido doce. Beijinhos :)