Sem pés nem
braços
Te alcanço e te
abraço.
Sem boca, sem
saliva
Sem cheiro – te sinto,
Te mastigo, te
inalo
Por toda a parte
De mim te exalo
Quando ainda tua
me dou
De cada vez que
te embalo.
Sem pés nem
braços
Sem mãos nem
coxas
Te resgato e te
guardo,
Te aqueço e te
deixo
Te louvo e
maldigo.
Sem olhos que te
sigam
Sem lábios que te
mordam
Sem tudo, com
nada de mim
- ou da Máscara, a
que Inerte
Nos seduziu,
desenvolta na noite
E nos fez novos.
E nos fez de barro branco.
O molde de nós
não cabe no
Tamanho do Tempo,
nem de espaço algum.
- Pelas costuras
da noite nos fizemos.
Maria Fernande, in Contemplações, Constatações e 30 Ventos (2014)
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