segunda-feira, 9 de setembro de 2013

CONSTATAÇÃO VI



Como de todas as vezes em que ficas em silêncio
e todos os cordéis cósmicos me berram
os trâmites do teu respirar inconsciente.
Colei os olhos à tua cara adormecida,
decorei-te os trejeitos dos lábios púrpura dessa manhã.

Urge despertar-te, render-me ao tempo
e à evidência da decadência e impossibilidade nossas.
Antes disso, amo-te uma vez mais
e o estarrecer do teu imo-limbo
no instante em que desaguas em mim.
Depois vieram os dias seguintes. E nós neles - ermos.


Maria Fernandes,
in Contemplações, Constatações e 30 Ventos (2014)

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