segunda-feira, 28 de dezembro de 2015
Jardim Municipal
Há, no Ralo da nossa desfaçatez,
Um desígnio comum à vala una
Das Palavras nossas
Em saco roto caídas
Neste Ralo entorpecidas de ebriedade
À névoa do olhar nosso:
- Tanta e tanta vez o esquecimento desejado!
Somam-se, hoje, alvíssaras à Arte nossa
Que do Ralo as soubemos nascidas,
Vindas, de alguma forma, prometidas.
Não somos o estrume em que rebolámos
Mas promessa de gente, dita, normal.
De bom trato. Maneiras suaves.
Ainda que saibamos o acre odor da
Auto-complacência murmurante outrora
Dos cérebros cansados de ideias-luz
Mortas à nascença – e ninguém nos disse
Que às portas da Morte
Nos sorririam os olhos escusos
Da vida toda.
Em calhaus rolados passeámos
O estridente soneto decomposto de
Esquisitos Cadáveres sorridentes.
Um sorriso-gato - subtil de mortandade.
Cravámos, o longo dos anos, a
Pirâmide no topo da escadaria em volta
Em que encenávamos a tragédia da
Vida das Palavras nadas-mortas.
E não fomos e não somos na aspiração
Que almejámos a ser – Mortais.
Que de mortandade se faz ora, a nossa Imortalidade.
Maria Fernandes
(17.04.2015)
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