Quem em mim, o
Poeta?
Quem o que opera
em fustigado êxtase
a transubstanciação
do Ser
que se torna uno e
únicamente
Palavra?
Quem em mim o Poeta?
Quem o que urde sons
em
prazeres de cruz
ao ver passar a
populaça
por entre losangos,
a tecitura nocturna
dos
raios de luz que não
vêm mais?
Quem em mim, o
Poeta?
Que o não enxergo
por entre os véus
nossos
de todos os dias
tantas e tantas
vezes.
Que todas as vezes
que possa contar
são idas e vindas
ao
desprazer da ira
que nos envolve em
chãos de mármore…
e murmuro a verdade
do Teu nome.
Que tal ser se me
some
entre os dedos de
todas
as manhãs
esperançosas
em que venho à tona
da Palavra
da noite ida da
nossa imensidão.
Quem é, em mim, o
maldito Poeta?
O que atira em
desvario
sílabas ao desafio,
o que se acossa e
olha depois
para o lado em
assobio,
que é dele feito?
Espraia-se ora por
entre dunas
de mansidão ociosa.
Alonga-se esta noite
por tacos e madeira
omnisciente –
ei-lo como paira.
Na reticente teia
desta sarapintada abóbada
é o pilar de bânger
do meu porto do mundo.
Em que me atiro
bravia e me vejo à tona
da lama púrpura dos
dias pardacentos
em que me esvais, ò
meu Poeta inconsciente!
Vai-te hoje que cá
já sobras
vai-te esta noite
que nada,
nada mais já
dobras.
Maria Fernandes
(11.05.2015)
Sem comentários:
Enviar um comentário