A final place in lust
the final, crucial place for the
god damn lust.
- and kissing seas along grey rocks,
waves of perception as perception waves
and here, for all the mighty ones
and for all the pleased ones
fishermen stroll, away from labour
far from divinity – far from the age.
As for the age – the gold ancient age,
they seem not to be willing
but for the future times in lust.
As in lust they're covered.
Maria Fernandes
(19.03.2015)
segunda-feira, 28 de dezembro de 2015
Que deste prurido
cante
a folha solta
da primeira hora
de cada suspiro
distendido
pelo âmago
da ostentação
das coisas.
Que cante
que mais não
lhe assiste.
Que cante
em
ondas motrizes.
Que cante
em
cordas bambas.
Que deste prurido
brade
a cor de todas
as manhãs
dançantes
em olhos
vãos
do torpor
ardente
da vigília.
Que se esbanje,
que evapore
em papéis
e palavras
e bocas
e mãos.
Que se banhe
de verdade,
de infância
e que singre
nos idos imos
de tantos
e de tantos.
Que deste prurido
cante
a folha solta
da primeira hora
de cada suspiro
distendido
pelo âmago
da ostentação
das coisas
as coisas
que se sabem
ser
por o não ser
e existem
ou não existem
à medida
de cada
alma.
Maria Fernandes
(11.01.2015)
cante
a folha solta
da primeira hora
de cada suspiro
distendido
pelo âmago
da ostentação
das coisas.
Que cante
que mais não
lhe assiste.
Que cante
em
ondas motrizes.
Que cante
em
cordas bambas.
Que deste prurido
brade
a cor de todas
as manhãs
dançantes
em olhos
vãos
do torpor
ardente
da vigília.
Que se esbanje,
que evapore
em papéis
e palavras
e bocas
e mãos.
Que se banhe
de verdade,
de infância
e que singre
nos idos imos
de tantos
e de tantos.
Que deste prurido
cante
a folha solta
da primeira hora
de cada suspiro
distendido
pelo âmago
da ostentação
das coisas
as coisas
que se sabem
ser
por o não ser
e existem
ou não existem
à medida
de cada
alma.
Maria Fernandes
(11.01.2015)
Jardim Municipal
Há, no Ralo da nossa desfaçatez,
Um desígnio comum à vala una
Das Palavras nossas
Em saco roto caídas
Neste Ralo entorpecidas de ebriedade
À névoa do olhar nosso:
- Tanta e tanta vez o esquecimento desejado!
Somam-se, hoje, alvíssaras à Arte nossa
Que do Ralo as soubemos nascidas,
Vindas, de alguma forma, prometidas.
Não somos o estrume em que rebolámos
Mas promessa de gente, dita, normal.
De bom trato. Maneiras suaves.
Ainda que saibamos o acre odor da
Auto-complacência murmurante outrora
Dos cérebros cansados de ideias-luz
Mortas à nascença – e ninguém nos disse
Que às portas da Morte
Nos sorririam os olhos escusos
Da vida toda.
Em calhaus rolados passeámos
O estridente soneto decomposto de
Esquisitos Cadáveres sorridentes.
Um sorriso-gato - subtil de mortandade.
Cravámos, o longo dos anos, a
Pirâmide no topo da escadaria em volta
Em que encenávamos a tragédia da
Vida das Palavras nadas-mortas.
E não fomos e não somos na aspiração
Que almejámos a ser – Mortais.
Que de mortandade se faz ora, a nossa Imortalidade.
Maria Fernandes
(17.04.2015)
quarta-feira, 10 de junho de 2015
Quem em mim, o Poeta?
Quem em mim, o
Poeta?
Quem o que opera
em fustigado êxtase
a transubstanciação
do Ser
que se torna uno e
únicamente
Palavra?
Quem em mim o Poeta?
Quem o que urde sons
em
prazeres de cruz
ao ver passar a
populaça
por entre losangos,
a tecitura nocturna
dos
raios de luz que não
vêm mais?
Quem em mim, o
Poeta?
Que o não enxergo
por entre os véus
nossos
de todos os dias
tantas e tantas
vezes.
Que todas as vezes
que possa contar
são idas e vindas
ao
desprazer da ira
que nos envolve em
chãos de mármore…
e murmuro a verdade
do Teu nome.
Que tal ser se me
some
entre os dedos de
todas
as manhãs
esperançosas
em que venho à tona
da Palavra
da noite ida da
nossa imensidão.
Quem é, em mim, o
maldito Poeta?
O que atira em
desvario
sílabas ao desafio,
o que se acossa e
olha depois
para o lado em
assobio,
que é dele feito?
Espraia-se ora por
entre dunas
de mansidão ociosa.
Alonga-se esta noite
por tacos e madeira
omnisciente –
ei-lo como paira.
Na reticente teia
desta sarapintada abóbada
é o pilar de bânger
do meu porto do mundo.
Em que me atiro
bravia e me vejo à tona
da lama púrpura dos
dias pardacentos
em que me esvais, ò
meu Poeta inconsciente!
Vai-te hoje que cá
já sobras
vai-te esta noite
que nada,
nada mais já
dobras.
Maria Fernandes
(11.05.2015)
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015
I have saved myself
I have saved myself
By just turning
around a corner
In a warm winter
night.
I have saved myself
Turning my back to
dark
And to whatever that
Would be
Or
Might mean.
I have saved myself
Just maybe a year
ago
For a grey hair and
a
Stylish hand
With a tonic gin
Have seen me in
Or pretended to.
Maria Fernandes
(26.02.2015)
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015
Cavalaria
wallpaperput.com |
somos feios
e somos maus.
Somos a estirpe
desgarrada
da hora una e muda
que se atira ao cais
no “salto”
que não cai em
santo porto
nem em porta
escancarada
de par em cunha
esgravatada
ou coisa alguma que
valha o pranto.
Somos da Palavra
somos o arbítrio
da batalha hirta e
inglória
de vento na venta
cavalgamos em riste
a História
e excomungados que
somos
da nata infame que
impera
de infantaria
estéril
que logo, jazerá em
ondas
que, arribadas, o
imo da cidade fecundam.
Maria Fernandes
(26.02.2015)
Maria Fernandes
(26.02.2015)
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015
Dos Locais e das Cidades de Casa e de Lá – Funchal
Na
alva calçada dessa cidade os gritos ululantes do Imo poético,
Que
caravelas em séculos idos trouxeram trovadores de corte,
Clamam
ora por tinta e papel onde jorrar versos.
(lugares
velhos sempre inspiram,
olha,
este inspira mares e vagas, e vagares)
No
verde bretão, sonhei as cantarias das esquinas desta cidade
-
Sonhei-as como aos corvos circundantes, atacadores de gatos.
Quando
parti, levei ruas azuis e amarelas sarapintadas.
Trouxe, ora volvida,
maneiras suaves, palavras leves, soltas,
Douradas
pelo sol que inunda a Cidade de nascente a poente
Do
sol que inunda a Cidade em largos lagos espraiando concomitantes,
Áureas
de onde crescem outros sóis pequeninos, sementes deste poema
esdrúxulo.
Esta
é a cidade-rosa que em lusco-fusco se afunda.
Onde
ocasos-bruma evocam a invernia do fim dos ciclos,
Renova-se
a cada Outono a foz do rio inóspito do almejar:
-
os rostos fitam ainda
o chão tosco
debaixo do pé desnudo,
com
Senhores - outros, os colonos - outros, as maleitas – novas,
desesperos
– tantos.
Esta
é a cidade-rosa que em lusco-fusco se afunda.
Que
lhe faltam as auréolas de ti, as imponentes torres de badalos
de
ti,
as
polidas lajes alvas à calçada lusa se assemelham – mudez
metafísica,
e
sei-me não mais perdida que achada
(na
languidez desta aurora a causa do sol guia-me de volta ao Rochedo)
Da
cidade rosa pela arriba fora, de pés banhados de sal marinho
lambe-te
a orla do cais da partida – a hora é mansa e oblíqua em nós.
Trouxe
nos braços a cor das noites aturdidas
em
que, descalça e imberbe, murmuro a rocha rolada.
Fiz
do horizonte a estreita mancha de ti, a imagem
do
casario lançado à encosta, rastejante pelo verde
de
draco sangue evadido – eis, ora, a tarde lasciva sobre ti.
Ei-la,
pois, à cidade rosa que em lusco-fusco se afunda.
Ei-la
importante, orgulhosa da esquina que os mundos dobram.
Ei-la,
capital em seu cais, ei-la mestra e pupila,
Ei-la
– ela, que me concebe a aniquila.
Esta
é a cidade rosa que me ilumina, e em luso-fusco se afunda.
Não
entrego as armas, não entrego as armas:
-
limpo-as, a guerra só agora começa.
Maria
Fernandes
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