Desperto quente,
Na tecitura das
últimas manhãs infernais e
Urge que me dispa
de silêncio.
Conta-me, hoje,
do abraço meu
Que não sentiste
durante esta noite.
Fala-me dos meus
dedos que te não
Deslizaram a
pele, nem o corpo
Nem os pelos do
peito.
Conta-me do Mar
que te lambeu em
Eternamente à tua
Mãe-escarpa.
Conta-me das
lágrimas que
Te fez esquecer
uma vez mais.
- Afinal é um
novo dia.
Conta-me agora,
que estou esbaforida,
Agora, que vai já
o dia mingando
E a qualquer hora
hás-de chegar
Às paredes azuis
mudas – olhar-te-ão
E talvez me
penses. E não estou.
Como nunca estou.
Maria Fernandes,
in Contemplações, Constatações e 30 Ventos (2014)
in Contemplações, Constatações e 30 Ventos (2014)
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