sábado, 13 de julho de 2013

Do Dia que Corre



Desperto quente,
Na tecitura das últimas manhãs infernais e
Urge que me dispa de silêncio.
Conta-me, hoje, do abraço meu
Que não sentiste durante esta noite.
Fala-me dos meus dedos que te não
Deslizaram a pele, nem o corpo
Nem os pelos do peito.
Conta-me do Mar que te lambeu em
Salmoura-Norte – como o vem fazendo
Eternamente à tua Mãe-escarpa.
Conta-me das lágrimas que
Te fez esquecer uma vez mais.
- Afinal é um novo dia.

Conta-me agora, que estou esbaforida,
Agora, que vai já o dia mingando
E a qualquer hora hás-de chegar
Às paredes azuis mudas – olhar-te-ão
E talvez me penses. E não estou.
Como nunca estou.

Maria Fernandes,
in Contemplações, Constatações e 30 Ventos (2014)

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