Em todas as cãs procurei o recorte dessa suíça.
A cada esquina que dobrei, o medo de ver-te saindo
Das entranhas dos alvos passeios no chão da minha cidade.
Em todas as cãs procurei a sobrancelha desse olhar
Que me desnudou no ínfimo instante anterior ao
Vómito dessa emocionada canção feita mantra.
Em todas as cãs esperei ouvir o meu nome
Mas um outro de quatro pancadas emudeceu
O sussurro que havia prometido ser teu.
Em todas as cãs o recorte do centenário til
Ao luar dessa noite velada do planalto ao vale,
Do despertar azul ao café, do cigarro ao sexo.
Em todas as cãs quis ver essas mãos que
Gentilmente afagaram esta face e desenharam
Abruptos sons no sideral espaço que nos ungiu.
Em todas as cãs incontáveis desejos guardados.
Encontros desta e das outras vidas nossas.
Indizíveis contos de embalar, adormecer em ti.
Em todas as cãs a bofetada de não seres tu do outro lado.
As milhas imensuráveis, assombrosas e lacerantes.
A morte anunciada, a aterragem - oh! e tudo acabado!!
Maria Fernandes
As tuas palavras pintam tão bem as dores da alma, aquele anseio quase sem fôlego e aquela melancolia trajada de sombras que antes luziam...
ResponderEliminarContinua sempre a engrandecer a arte, querida poetisa :)*