sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Silêncio




Quantos anos mais até que sequem de vez estas lágrimas
Em pranto coalhado na teimosa retina que mais não sabe que utopias ver?
Por ventura, airosa brisa terá segredado intangíveis coisas do aqui e do aí?
Do ontem e do amanhã? Do amar e do odiar?
Quantos mais anos até que se urdam estas brechas e chagas escuras de breu?
Ao luar adquirem tons de prata, parecem-me valiosas... - Falácia!!
Quem haverá ludibriado de tal torpor metafísico este olhar
Que sempre da Luz correu, afinal! Cuidando que desse lado talismãs chovessem
Em luxuriantes formas de lótus, atira-se desse abismo abaixo – tolo!
A prata negra se torna ao tornar-se Nova, aquela Lua.

Refaça-se a utopia, novas brisas segredem amores, novas correntes jorrem!
Mas não esta utopia, não este amor nem estas lágrimas!
Por estes, já este olhar foi friamente assassinado! Da tal frieza que me abandonou
Sequestrada na Inerte Máscara, a que gélida me cobria.

Maria Fernandes

1 comentário:

  1. Pois, ter pensamentos e sentimentos tão incertos que apenas a noite e os sonhos conseguem desvendar.
    Quando acordados, ainda a dúvida paira e coexistimos tremeluzentes, brincando com a realidade e com o sorriso enquanto que, no íntimo, há algo que brinca com as sombras...
    Cair não será ter uma outra vida?

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