Dizias,
sapiente, que se à Poesia
Que
não pode um homem ser Génio em tudo
Que
a Arte merece o derradeiro suspiro
No
morno consolo das madrugadas sós.
Sabias,
por dentro, que não
Tinhas
paixão para tudo, e que a
Que
restava, a essa força da Palavra a darias.
Querias,
ah! Tu querias ser D. Sebastião
Ou
um Salazar íntegro e triunfal,
(Um
Sá Carneiro que morreu novo,
dirias
hoje).
Quando
Marialva te cortejou e lhe acedeste
Ao
aceno traquina com travo da Ilha,
Foi
com a vaidade mesma que escreveste
Por
Crowley, The Wickedest Man in the World
E
dos gracejos gotejantes do Desassossego,
Suponho,
tua paixão primordial, e que os
Pensavas
pelas ruas da menina e moça abaixo
Embriaguez
de ideias, só para seres – perfeito.
Para
seres só e uno e unicamente da Palavra.
-
Tua pouca paixão não chegaria a uma mulher
Amavas
só a ideia tua de ti mesmo
Duvidando
do real amor, por este poder ser só uma ideia
A
inconcretizável, por de irreal se tratar.
Com medo de seres pouco em um
Fizeste
de ti inúmeros, nascidos de constelações várias
Ostentando
pulsos diversos, risos e sonhos dispersos
Iguais,
todos, na Máscara de fingimento que
Lhes
impunhas – a única que te anunciava
O
rosto de todas as manhãs em que despertávas
Incrédulo
do novo dia no ofício da tua eternidade.
Tu
soubeste o
significado do conceito
exímio
antes
de este
o
ser.
Não
chegaste a experimentar, contudo,
O
sopro novo que em Letras lusas se abateu.
Experimentarias
tu, Ò Senhor dos 1000 Eus,
Dividir
a tua pouca paixão pelo espaço sideral,
Conexão
de sintaxes em formas lineares de sons?
Trago
a paixão em torvelinhos pelo ar – atiro-a à alvura de telas
Penso-te
os versos nas cantarias da cidade do poente rosa
Sei
que receaste ser menor que Eliot, não te culpo por tal.
Usáste
da máscara de teus Outros para seres tu, Grande.
Ou
isso, ou eras louco. Ou então seremo-lo todos
Operários
da palavra que depois de ti usaram
De
escassa paixão atirada ao derradeiro suspiro
No
morno consolo das madrugadas sós.
Maria
Fernandes
29.11.2014
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