ao meio-dia
num pequeno
colégio perto da praia
sóbrio
o suor
correndo-me pelos braços
uma gota de
suor na mesa
esmago-a com o
dedo
dinheiro de
sangue dinheiro de sangue
meu deus,
devem achar que gosto disto como os outros
mas é para pão
e cerveja e para a renda
dinheiro de
sangue
estou tenso sujo
sinto-me mal
pobre gente estou a falhar estou a falhar
uma mulher
levanta-se
bate com a
porta
um poema
nojento
alguém me
disse que não os lesse
aqui
tarde demais
meus olhos não
conseguem ver algumas linhas
leio-o
alto –
tremendo
desesperado
sujo
não conseguem
ouvir-me
e digo
desisto, é
isso, estou
acabado
e mais tarde
no meu quarto
há scotch e
cerveja:
o sangue de um
cobarde.
este então
será o meu
destino:
esgravatando por
cêntimos em salas pequenas e escuras
lendo poemas
de que há muito me
cansei.
e costumava
pensar
que os tipos
que conduziam autocarros
ou limpavam
retretes
ou matavam
homens em becos eram
idiotas.
Tradução:
Maria Fernandes
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