Extravasar-me e sentar-me à escrita
Não vá o extavasamento abarcar-me a mudez
Dos dias últimos e
No hoje diga o ontem
Faça jorrar o ontem
Sentir de novo o ontem.
Senti-lo na pseudo melodia
Dum sax rosa em Waterloo.
No Sol moribundo em esplendor
No doce ocaso do hoje.
Recolhi as imagens, as cores.
Murmurei as frases que depois esqueço.
Atirei tudo depois - com essa febre
De heroína vencida -
À feroz e lacerante
Penumbra que se insinuou
Entre ramos, ruas, pessoas, olhos rasos.
Varri tudo para o túnel da travessia
Esperei que tudo viesse de volta.
E bebo agora em deleite desse vinho
Que me não embriaga nem me aquece.
Maria Fernandes, in Contemplações, Constatações e 30 Ventos (2015)
Sem comentários:
Enviar um comentário