Sucessão de palavras, ritos de conexão,
Linhas dementes previamente sentidas, pensadas, engendradas.
Sílabas sibilantes, contos cantantes de invisíveis
Cores, traços de mediocridade de torpores -
Uns verdade, outros mentirosos e ardilosos
Tal como o são olhos e olhares teus, meus, dos outros.
Sim! - Nessa morna e deliciosa confecção desejo atirar-me.
Tornar letra cada balanço de diafragma
Na dolorosa verdade do existir, vidências
De belezas e horrores - mortes e vidas.
Saber-me ida a cada lançar de palavra..
A mim voltar em cada repetida leitura que de mim faça.
Um poema. Nesse sonho de bom grado dormiria
Atentando entranhas, estremecendo paredes
Em marasmos de maremotos ecoando gritos, cantos,
Quentes suores, pensamentos que não ouso pronunciar
Para que castos se quedem na imóvel didascália
Dessa hirta tela onde nua e tímida pinto a palavra.
Deleitar-me com cada sintaxe imaginada,
Murmurar de semicerrados olhos cada repetição
Que por pautas sem clave solar distribua em semínimas.
Apartadas por irregulares compassos a cada sopro
Que o vento de Londres deixa em cada marron tijolo
E em cada um deixo uma pergunta...
Nada mais doce e mais eterno que espraiar-me
Por palavras do nada-ser..
Do nada sonhar, do tudo-sonhar!!
Trazer à vida esse negrume a acidez do pós-retina-cerrar
Depois de arrasadora visão de Infames Promessas!
Mesclar-me com a palavra-ser, palavra-amor, palavra-vida
todas as reais, podres, belas, nojentas, imaginadas palavras..
Por onde vislumbro a extenuante essência de completa ser e completa me dar..
Maria Fernandes
Há que me sentir sortudo por ler o que escreves. Tens sempre um reino com que me deliciar,uma faceta nunca antes conhecida :)
ResponderEliminarKeep on, poetess*
Sortuda sou eu por haver pessoas como tu, com a tua sensibilidade que ainda têm tempo e boa vontade de passar os olhos pelo que debitando vou... - um verdadeiro privilégio.
Eliminar:)))) Obrigada eu pela leitura, Jorge!!! Take care!!
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