Em flores e floreados
E ventos alados
Se viram deslumbrados
E, num continuar do ritmo de há anos
Se viram subitamente colados.
Em cada ânsia e suspiro
Te sinto em crescendo.
A cada toque de pele húmida
O Incontável perecendo em dividendo
E a noite teima em não ser longa.
Se de compensação se trata
Jamais suspeitaria que Tu o fosses
Ainda que saiba que o sarar não importa
E os pseudo sentires sorriram em caules
Às primeiras horas dessa madrugada.
No lusco-fusco primeiro em que te vi
Esse cristalino de olhar me segredou
Nuas, cruas e arrebatadoras verdades.
Se nos idos anos as sonhei já ditas
Não cuides que se foram nas Idades.
Te vejo na ciranda e no vai-e-vem
Diante destes olhos que pela manhã
Te despertaram. Que fazer senão
Sonhar-te mais um pouco?
Envolver-te em tufos de lã...
Maria Fernandes, in Contemplações, Constatações e 30 Ventos (2014)
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