Meu espírito tem resvalado para o etéreo nas últimas eras do
Incontável Tempo.
Como terão sido os nossos encontros nas nossas vidas
passadas? Terá esse Inanimado
Capturado em suas camufladas esquinas (ou seriam escunas em
Oceanos de Perplexidade?),
As cordas que nos suspendem acima desse mundiverso ?
Melodias que se movem, absolutamente silenciosas e de forma
graciosa.
Movimentos hirtos e fixos à tela do tal, o Incontável!
Se nesse apartamento deste meu espaço te resguardas Tu,
Coisa Nenhuma,
Por aí, o melhor será que te quedes e não incomodes meu já sinistrado
espírito.
Guarda nessa sombra de tabique que te dá o Sol, e não raras
vezes a Lua, Coisas Nenhumas
Guarda as melodias moventes, cordas suspensórias, movimentos
hirtos de intensidade e
Não te apoquentes que este torpor é de emoção. A de
adivinhar-te
Por detrás da face do que se vê e ter um vislumbre da rara
beleza, talvez por entre alguma
Mal fechada frincha e possa ir já degustando a sensação de
deslize por essas infindáveis
Cordas de luz que em algum Incontável Tempo nos fundiram e nos
apartam, ora, volvidos milénios!
Bem melhor que te quedes, pois. Amo o desconhecido que
abraças nesse Perplexo Oceano,
De Ilusão surreal, de céus flamejantes de onde chovem
rochedos de fogo. E as Cordas.
“Está no biombo!” – é o eco infindável e ensurdecedor no
Universo seguinte, o que albergas.
Neste mundiverso, a expansão chegou ao limite e estamos em
decomposição avançada.
Se te ultrapassasse, Inanimado, ver-te-ia, Coisa Nenhuma. E
às melodias moventes, que afinal
Eram verdade em ti e nos teus movimentos hirtos de suavidade
que para sempre em rostos
Ficaram impressas. E talvez já não fosse eu. Talvez fosse outra,
com voz parecida. E talvez não
Fosse o Segredo o que se adivinhou. Talvez fosse fascinante
desilusão.
Maria Fernandes
Texto maravilhoso. Adorei.Beijinhos
ResponderEliminarUm texto muito interessante, para além da sua beleza poética, toca num tema verdadeiro embora sensível, que poderá ser a imortalidade ou a reencarnação.
ResponderEliminarE fiquei por cá :))
Obrigada, Rita! Coisas novas em breve!
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