ficou
escrito
que
nada disto
o
que hoje
exala
do ser
nos
poderia salvar
-
só tu e eu em limbos
sarapintados,
êxodos escritos
e
talvez que numa qualquer
plataforma
particular
se
possa deixar enrolar a
parda
cinza das noites
-
todas -
em
que se cruzam
iradas
ondas em desaforo
contínuo
uníssono
(dá-me
algumas
das
tuas rochas roladas
e
teço-te um xaile-volúpia)
eu,
que
resisto
se me deres uma janela,
declaro
agora a evidência
da
impossibilidade
de
apoteose
-
havendo todos os testes falhado,
restará
só
a
ruína
do
emaranhado céu
em
que jazem
os
cadáveres todos
de
certas
palavras
ditas
blue
velvet
ainda
que alma
alguma
tal creia,
as
palavras mortas,
por
certo, lá estarão
no
exímio instante
em
que embutida
no
imenso tudo
emerjo
à tona
da
boca do teu cais
sem
nome
e
desde o teu cimo
vejo
as sinfonias-rodopio
de
toda e cada uma delas
a
meus pés
-
a nossos pés.
escrevo-lhe
o nome:
um
breve e reles
untitled
bastará
para denominar
o
limbo informe
da
existência incólume
que
hoje somos
(dúzia
e meia de rabiscos
no
chão desolado
da
nossa ausência)
(09.05.2016)
Maria Fernandes
Fotos © Fedra Espiga Pinto
publicado em "Perspectivas", in Diários do Umbigo, Umbigoº Magazine
Gostei dos textos e das fotos. Parabéns!
ResponderEliminarA sua poesia surpreende-me
ResponderEliminarÉ a primeira vez que a leio
Parabéns por essa força poética posta nas palavras