Que à medida que dizes tua vida
Invadida de poetas e poesias surdas,
Que te ajeita à noite a flanela do lençol e,
Em surdinas te diz da serenidade
De noites a cair em horizontes rosa.
Dir-se á do efeito surdina,
Que à medida que dizes tua vida
Invadida de poetas e poesias surdas,
Que te suga a pele e os poros suados e,
Em surdinas te diz das melodias
De galáxias riscadas à nossa janela.
Dir-se-á do efeito surdina,
Que à medida que dizes tua vida
Invadida de poetas e poesias surdas,
Que da geometria das constelações no mar e,
Em surdinas te desenha esquadrias
De ângulos rectos, esquadros perfeitos de
mira.
Dir-se-á, dir-se-á – bem sabeis – do efeito
surdina
Que à medida que dizes tua vida
Invadida de poetas e ocas - ocas, mortas
e surdas poesias,
Que te faz transbordar em didascálias e
Em surdinas te lambe a pele, te esmiuça o
cerne
Te lava o rosto brando de suaves, suaves murmúrios-grito.
Maria Fernandes
11.10.2014
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