quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

I wrote a poem

I wrote a poem on Mars
Collecting words from Jupiter. And then,
I wrote a poem by my window.
I wrote it walking down the street .
I wrote a poem while cooking
And healing my body from madness.

I wrote a poem.
I wrote a poem driving in dawns.
I wrote a poem in a workers' canteen.
I wrote a poem in sour coffee.
I wrote that poem.
I wrote it.
I did.


Maria Fernandes

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Fica, ainda


Nem eu nem tu abrimos mão dos destinos.
Tu foste em demanda de algo que não ouso perguntar
Eu atiro com força os braços ao ar, no desejo de
Fazer sombra antes que o meu tronco apodreça.
Contudo, fica comigo na tua saudade, no teu íntimo que sabemos nosso,
Igual, da mesma matéria, do mesmo cheiro, da mesma palavra.

Queda-te por perto, não afastes as palavras de seda
Que vertes daí, nessa ausência presente e onde respiras
Acordares angustiados de lágrimas em Nó. E quero-te.
E corro o mais possivel de ti. E voo sempre para ti. E não te quero.
E quero-te. Quero-a a ela, mulher-rochedo de que não me ouso apartar.
Mulher-loucura da minha infância. Aquela por quem me perdi. A outra. Tu.

Fica, fica-me cá por dentro desde aí – onde estás.
Tu que me lês, tu que me escreves. Tu que me choras, tu que me cantas.
Tu que me sonhas e me esperas e me ouves e me gritas e me dás raiva, – tu!
Tu adormeces em mim a cada noite!
Tu. Tu me aqueces por dentro e sinto um galáctico prurido aqui!
Eu. Sou um homem novo e velejo em mares também novos, anseio portos de calmaria.

Porque me fico aqui a olhar-te? Se digo que te amo – e não retiro o que digo -
Porque me fico aqui? Porque não vou para onde estás?
Porque não vens de onde estás? Que fazes tu, tão longe do meu desejo?
Quando é aqui que estendo os ramos que te refrescam no sol do Norte
E preciso-te. E fujo-te. E corro para o verde-negro e para ela-rochedo.
Nos seus olhos vazios tanta, mas tanta vez eu vejo o teu rosto.

E vêm os tais dias em que me queres escapar, feito areia nos dedos.
Perguntas porque sim, porque não, porque nunca mais, quanto pesa, quando chega.
Eu não quero ter de explicar o que sabes, sendo condição que o saibamos
Para que existamos assim, em contínuo estado surreal-perfeito.
Só preciso que existas no meu plano metafísico, onde busco paz,
Não me atreveria a fazer-te minha e real, mas fica! – ainda.

Fica com essa voz desde aí. Não me olvides nas noites de lágrimas.
Eu, que morro e me perco e me encontro na curva da tua anca
Quando te me dás assim, sem condição. E clamas com os olhos
Pelo meu nome numa língua que só eu sei, e todo o eu
Se embute em ti, e és o meu estuário, a minha foz, o meu delta-cativo.
A ti me mostro e me coso e te trago e te deixo. E vou, sem palavra.


Norberto Damásio