quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Saudade



Hediondas e imensuráveis são estas milhas
Entre o rochedo e o profundo centro
Dessa Velha que alberga a presença oblíqua tua.
As invisíveis energias viajantes têm um tal
Tipo de existência que nem se encontram em registo.
- Nova frequência? Bálsamo em âmbar?...  Ah, talvez!...

No último instante em que te atiras no precipício final
Do horrível e grotescamente Real Mundo, a Voz!


Maria Fernandes, in Contemplações, Constatações e 30 Ventos (2015)

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A Mortalha



A mortalha nesta alma mais não é que desconsolo de pias coisas. As que entre beijos me segredaste e juraste únicas serem.
Se em flores de lis mergulhamos, mais não procuramos que fino ar por respirar, ínfimas gotas de puro elixir rosa, o que vida nos deu!
Agora, jazo sob a alva camada de morte e hirta, sussurro ainda as coisas pias que efémeras se tornaram e esta alma assassinaram nos etéreos ritmos de incontáveis eternidades.....

Maria Fernandes

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Silêncio




Quantos anos mais até que sequem de vez estas lágrimas
Em pranto coalhado na teimosa retina que mais não sabe que utopias ver?
Por ventura, airosa brisa terá segredado intangíveis coisas do aqui e do aí?
Do ontem e do amanhã? Do amar e do odiar?
Quantos mais anos até que se urdam estas brechas e chagas escuras de breu?
Ao luar adquirem tons de prata, parecem-me valiosas... - Falácia!!
Quem haverá ludibriado de tal torpor metafísico este olhar
Que sempre da Luz correu, afinal! Cuidando que desse lado talismãs chovessem
Em luxuriantes formas de lótus, atira-se desse abismo abaixo – tolo!
A prata negra se torna ao tornar-se Nova, aquela Lua.

Refaça-se a utopia, novas brisas segredem amores, novas correntes jorrem!
Mas não esta utopia, não este amor nem estas lágrimas!
Por estes, já este olhar foi friamente assassinado! Da tal frieza que me abandonou
Sequestrada na Inerte Máscara, a que gélida me cobria.

Maria Fernandes

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Conclusão


Às tantas, se não tivéssemos
Consciência do efémero que era
A proximidade de nós os dois,
Não nos teríamos entregue
De tão sôfrega forma.
Just as easy as that.
Ficam recordações, flashes de
Lucidez e lusco-fuscos de sobriedade.

Às tantas, se não tivéssemos
Consciência do efémero que era
A proximidade de nós os dois,
Não teria sentido a urgência de
Mil vezes te haver querido tocar e
De mil vezes te haver querido
Constatar realmente em minha mente.
Se amar-te é precipício, que
Eu caia já sem mais demora.



segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Exposição

Engasguem-se e cuspam depois
A sanguinolência de saber ouvir
expectantes frases e esdrúxulas.
Ânsias confessoras de migalhas
Destas saudades.
Desculpem, mas alguém saberá
Porque motivo vivem suspensas
As penas, as cenas, madalenas
Da aurora que teima, no final
Em que não querer surgir?
Se por cada Rosto que neste espaço nos Olha
E por cada pequeno desdém que sentimos
A cada rodar de cabeça
Há um tufão de sensibilidades que nos
Assalta e mata no Obtuso instante
Em que tentamos respirar.

Maria Fernandes, in Contemplações, Constatações e 30 Ventos (2014)

Ventos Obtusos

Tentativa de expressão, explicação e exposição de visões ventosas de um Sujeito obtuso.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Contemplação VI

Os inusitados verdes brotantes desta Terra
E de suas pavorosas entranhas
São reflexo do coração que bate nestas gentes.
Nesta fervorosa e verde Contemplação,
Por essas rochas e recortes fora
Por cada entremeado relevo da bruta
Pedra que se ergue das engolidoras vagas.
Contemplo a ondulante performance das
Cordas. Sussurrantes Cordas. Verdes. As Cordas.
As que atiçam cordelinhos lacrimais faces abaixo.
Em verdes tons os olhares jorrantes e
Desaguantes no ventre descarnado do Cerne.
Esse, toma o tom esverdeado que lhe convier.
Ora negro que nem morte nas catacumbas,
Ora lima e impossível de suportar!!!!

Maria Fernandes, in Contemplações, Constatações e 30 Ventos (2014)